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As polêmicas sobre filmes e séries da Netflix renderam o que falar entre o público, a imprensa e a crítica. Ao longo dos anos algumas produções da plataforma renderam acusações que vão de blasfêmia até glamourização do suicídio e sexualização infantil. Conteúdos exclusivos como 13 Reasons Why, Dahmer: O Canibal Americano e A Primeira Tentação de Cristo repercutiram negativamente devido a acusações desse tipo. O público não deixou as questões passarem despercebidas, o que gerou mobilizações como abaixo- assinados e em alguns casos até posicionamentos do governo.

Pensando em quem não deixa passar nenhuma polêmica, o TechTudo preparou uma lista detalhada com as 15 maiores controvérsias envolvendo as obras da Netflix. Em cada um dos itens você acompanha detalhes dessas tretas e o desfecho de cada um dos casos.

A representação cômica de Jesus feita pelo canal Porta dos Fundos rendeu processos e até atentados terroristas contra o grupo — Foto: Reprodução/The Movie Database
A representação cômica de Jesus feita pelo canal Porta dos Fundos rendeu processos e até atentados terroristas contra o grupo — Foto: Reprodução/The Movie Database

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Na lista de filmes e séries controversos do TechTudo, você vai encontrar:

  1. Emily em Paris (2021 - presente)
  2. 1899 (2023)
  3. The Goop Lab com Gwyneth Paltrow (2020)
  4. O Mínimo para Viver (2017)
  5. Girl (2019)
  6. Dahmer: Um Canibal Americano (2022)
  7. 13 Reasons Why (2017 - 2020)
  8. Round 6: O Desafio (2023 - presente)
  9. Rainha Cleópatra (2023)
  10. Chris Rock: Indignação Seletiva (2023)
  11. Blonde (2022)
  12. Dave Chappelle: The Closer (2021)
  13. 365 Dias (2020)
  14. A Primeira Tentação de Cristo (2019)
  15. Lindinhas (2017)

1. Emily em Paris (2021)

A Netflix é recheada de comédias românticas em sua plataforma, de filmes e séries, e um show com a estrela Lily Collins (Espelho, Espelho Meu) seria mais um sucesso. No caso de Emily em Paris, estrelada por Collins, a fama veio, mas junto de uma série de polêmicas. A trama, que mostra as desventuras românticas e profissionais de uma americana trabalhando na cidade luz, foi acusada por franceses e parisienses de espalhar estereótipos negativos sobre o país europeu.

Entre as retratações pejorativas mostradas na série estão a arrogância dos franceses, normalização do assédio praticado por homens, a suposta preguiça dos franceses no trabalho, grosseria com estrangeiros que não dominam a língua e, a mais antiga, a má fama que franceses têm de não tomar banho. Emily em Paris ainda arrumou uma treta com a Ucrânia na segunda temporada, onde é mostrada a personagem ucraniana Petra (Daria Panchenko) como uma ladra de joias e "shoplifter" (pessoa que furta objetos de lojas).

Além desses casos, a série protagonizou um escândalo onde, de acordo com reportagem do Los Angeles Times em fevereiro de 2021, cerca de 30 membros da Associação de Imprensa Estrangeira de Hollywood, organização responsável pela votação no Globo de Ouro, teriam viajado à França em 2019 como parte de um possível suborno para que a série estivesse bem avaliada na premiação. Segundo consta na matéria, os membros teriam se beneficiado de estadia em hotéis de luxo e visita em locais turísticos onde o show era filmado.

Série estrelada por Lily Collins foi acusada de promover esteriótipos negativos sobre os franceses — Foto: Reprodução/IMDb
Série estrelada por Lily Collins foi acusada de promover esteriótipos negativos sobre os franceses — Foto: Reprodução/IMDb

2. 1899 (2023)

No ano passado, a série alemã 1899, dos criadores Jantje Friese e Baran bo Odar (ambos envolvidos em Dark) tomou a atenção do público brasileiro com seus enigmas e teorias. Outro fator impactante relacionado à série no país foram as acusações de plágio movida pela desenhista brasileira Mary Cagnin. Autora da HQ Black Silence, a artista alegou que o seriado teria diversas referências a sua obra, que também é de ficção científica e que foi lançada na Suécia em uma feira literária em 2017.

Para provar seu ponto, Mary compartilhou no X (antigo Twitter) imagens onde haveria uma suposta semelhança entre momentos das duas criações, como a "pirâmide negra, mortes dentro do navio/nave, tripulação multinacional, triângulos nos olhos", entre outras cenas. A repercussão negativa fez com que a Netflix se posicionasse publicamente junto com showrunners Jantje e Baran reafirmando o caráter original da obra. "1899 é um projeto especial em que ambos os roteiristas estão trabalhando há muitos anos, e nada tem a ver com o quadrinho (da brasileira)", afirmou oficialmente a plataforma. Poucos meses depois, a Netflix decidiu cancelar o show.

Após o lançamento de 1899 na Netflix, uma quadrinista brasileira acusou a série de plágio — Foto: Reprodução/JustWatch
Após o lançamento de 1899 na Netflix, uma quadrinista brasileira acusou a série de plágio — Foto: Reprodução/JustWatch

3. The Goop Lab com Gwyneth Paltrow (2020)

Além de atriz e vencedora do Oscar, Gwyneth Paltrow é uma das celebridades em Hollywood interessadas em medicina alternativa. Dedicada a propagar o assunto, ela fundou em 2008 a empresa Goop, especializada em estilo de vida e bem-estar. Em janeiro de 2020, Gwyneth estrelou na Netflix a série documental The Goop Lab, onde ela e seus funcionários compartilham técnicas de saúde nada convencionais, como crioterapia, enema de café, terapia com drogas psicodélicas, medicina energética e paranormalidade.

Não demorou muito para que os métodos mencionados como "alternativos" pelo show fossem classificados como "pseudociência" pela comunidade científica. Porém, as críticas já existiam antes da série. Em agosto de 2017, a ONG estadunidense Truth in Advertising, especializada em vigilância publicitária, acusou a empresa de Paltrow de propaganda enganosa, por declarar que seus produtos e serviços tinham eficácia científica comprovada - o que é falso, de acordo com a ONG. A Netflix emitiu mensagens no começo de cada episódio onde é dito que a série busca "entreter e informar, não fornecer informações médicas".

Gwyneth Paltrow foi acusada por membros da comunidade científica de promover terapias sem eficácia comprovada — Foto: Divulgação/Netflix
Gwyneth Paltrow foi acusada por membros da comunidade científica de promover terapias sem eficácia comprovada — Foto: Divulgação/Netflix

4. O Mínimo para Viver (2017)

Antes do lançamento de Emily em Paris, Lily Collins esteve em outra polêmica junto com a Netflix no filme O Mínimo Para Viver. A produção, que chegou a ser exibida no Festival de Sundance em janeiro de 2017, mostra o drama de uma jovem de 20 anos que abandona a faculdade em decorrência da anorexia. Apesar das notas da crítica acima da média em agregadores como Metacritic (66) e Rotten Tomatoes (70%), o enredo do longa não passou despercebido do julgamento do público em seu lançamento.

O trabalho da diretora e roteirista Marti Noxon (Sharp Objects) foi acusado de "glamourizar" a anorexia entre jovens, conforme comentários registrados no trailer no YouTube. Portadores de distúrbios alimentares ouvidos pela revista americana Teen Vogue declararam que o longa apresentava representações questionáveis sobre anorexia. Em resposta às críticas, Noxon esclareceu que o intuito do filme não era o de glamourizar distúrbios alimentares, e sim, "servir como ponto de partida para um debate sobre uma questão que muitas vezes é obscurecida por segredos e equívocos".

Longa dirigido e roteirizado por Marti Noxon e estrelado por Lilly Collins foi acusado de glamourizar distúrbios alimentares — Foto: Reprodução/The Movie Database
Longa dirigido e roteirizado por Marti Noxon e estrelado por Lilly Collins foi acusado de glamourizar distúrbios alimentares — Foto: Reprodução/The Movie Database

5. Girl (2018)

Conhecida por dar destaque à produções estreladas por artistas LGBTQIA+, a Netflix não escapou de críticas por parte da mesma comunidade com o filme belga Girl. Vencedor dos prêmios Caméra d'Or e Queer Palm no Festival de Cannes em 2018, o trabalho de estreia do cineasta Lukas Dhont (Close) acompanha a jornada de aceitação de uma bailarina adolescente em um complicado processo de transição de gênero. A trama é livremente inspirada na história da dançarina belga Nora Monsecour, uma mulher trans.

Para o papel principal, foi escalado o dançarino Victor Polster, um homem cisgênero (pessoa que nasceu em conformidade com o gênero biológico), assim como o diretor Lukas Dhont. Críticos da comunidade LGBT usaram desse ponto para afirmar que a obra seria um "pornô de traumas trans", conforme dito pelo jornalista queer Matthew Rodriguez, da revista californiana Into. Outros portais como BFI e Out, por meio de seus jornalistas, também rechaçaram o enredo de Girl, por considerar que o longa exploraria de forma questionável a transição vivida por adolescentes transgêneros.

Após a repercussão negativa, Nora Monsecour saiu em defesa do filme em uma entrevista para o Hollywood Reporter. A bailarina afirmou que a obra"não é uma representação de todas as experiências de transgêneros, mas sim um relato das experiências que enfrentei durante minha jornada". Já Dhont, em entrevista ao portal Logo, esclareceu que o longa "foi feito com muito amor e com muito respeito pelo personagem e, num contexto mais amplo, pelas pessoas trans".

Mesmo elogiado entre a crítica especializada, Girl causou controvérsias entre a comunidade trans por escalar um ator cisgênero no papel de uma pessoa em transição — Foto: Divulgação/Netflix
Mesmo elogiado entre a crítica especializada, Girl causou controvérsias entre a comunidade trans por escalar um ator cisgênero no papel de uma pessoa em transição — Foto: Divulgação/Netflix

6. Dahmer: Um Canibal Americano (2022)

Outro gênero popular não só entre a Netflix, como em diversas outras mídas, é o true crime. Mesmo sendo um fenômeno midiático, a categoria é alvo de polêmicas relacionadas à questão ética na dramatização de assassinatos e demais crimes hediondos reais. O debate veio à tona em setembro de 2022, com o lançamento da minissérie Dahmer: Um Canibal Americano. A obra detalha os crimes e traumas causados pelo serial killer Jeffrey Dahmer, interpretado por Evan Peters (American Horror Story).

O show criado pela dupla Ryan Murphy e Ian Brennan, conhecidos pelo filme Glee: Em Busca da Fama, aproveitou o registro público dos crimes para reconstruir fatos emblemáticos sem a autorização legal das pessoas envolvidas. É o caso da cena do julgamento de Dahmer, onde o show reconstituiu a crise emocional que Rita Isbell (irmã de uma das 17 vítimas de Dahmer) teve durante o julgamento ao confrontar o assassino de seu irmão. Eric Thulhu, primo de Rita, classificou a dramatização como "retraumatizante" em uma publicação no X. "Se querem saber a opinião das vítimas, minha família está irritada com o show", postou Thulhu.

Evan Peters no polêmico papel de Jeffrey Dahmer — Foto: Reprodução/IMDb
Evan Peters no polêmico papel de Jeffrey Dahmer — Foto: Reprodução/IMDb

7. 13 Reasons Why (2017 - 2020)

Diferente de outros dramas Teen adolescentes da Netflix, a série 13 Reasons Why (ou Os Treze Porquês, na versão brasileira) toca em um assunto extremamente delicado e pouco citado entre seus similares: o suicídio de adolescentes. Adaptação do romance homônimo de Jay Asher, a produção desenvolvida pelo roteirista Brian Yorkey (Echoes) caiu no conhecimento popular mais pelas suas polêmicas do que pelo próprios méritos.

No enredo, o estudante do ensino médio Clay Jensen (Dylan Minnette) recebe em sua casa uma caixa com trezes fitas cassete gravadas por Hannah Baker (Katherine Langford), uma adolescente da mesma escola que havia cometido suicídio e que justifica o ato nas gravações. Durante os capítulos, são mostradas cenas de automutilação, pensamentos suicidas, bullying e estupro que incomodaram não só o público, como também especialistas em saúde mental.

Em artigo escrito para o portal Psychology Today, a profissional de prevenção ao suicídio Elana Premack Sandler elencou 13 motivos para determinar que o show da Netflix "não ajuda a combater o suicídio". Entre os tópicos, Elana cita as justificativas para o ato, representação fantasiosa do problema em adolescentes e retratação gráfica de suicídio. Outros acontecimentos inflamaram a reação negativa do público, como a morte de uma jovem de 23 anos no Peru, supostamente influenciada pela série, e o aumento de buscas sobre suicídio no Google durante a exibição da primeira temporada.

Em 13 Reasons Why, a amizade de Clay e Hannah é abalada quando a jovem comete suicídio — Foto: Reprodução/IMDb
Em 13 Reasons Why, a amizade de Clay e Hannah é abalada quando a jovem comete suicídio — Foto: Reprodução/IMDb

8. Round 6: O Desafio (2023)

O sucesso mundial de Round 6 fez com que a Netflix investisse em um game show competitivo inspirado na obra do roteirista Hwang Dong-hyuk. Round 6: O Desafio contou com 456 competidores que entraram na disputa pelo prêmio de US$ 4.56 milhões (R$ 23 milhões, em conversão atual do dólar). As mesmas brincadeiras mostradas na série, como Batatinha Frita 1, 2, 3 e Colmeia de Açúcar, fazem parte do show, mas sem a eliminação letal dos perdedores.

Por outro lado, alguns dos competidores informaram à imprensa terem sofrido maus-tratos durante as gravações. O tabloide britânico The Sun ouviu relatos de participantes com "queimaduras de frio" após gravarem em uma região da Inglaterra onde a temperatura marcava -3º C. Os participantes também afirmaram terem visto "competidores chorando" e "saindo de maca" durante o game. A matéria ainda informa que dois dos participantes entraram na justiça contra a Netflix.

Em entrevista ao Hollywood Reporter, os produtores Stephen Lambert, Tim Harcourt e Stephen Lambert confirmaram o frio rigoroso citado pelas fontes do The Sun, mas reiteraram que em nenhum momento os competidores se feriram durante as filmagens. "Foi uma filmagem grande e complicada, em um dia frio, e levou bastante tempo. Mas todos estavam preparados para isso e foram bem cuidados", justificou Hay.

Novo reality show chegou ao streaming cercado de críticas e bastidores polêmicos — Foto: Divulgação/Netflix
Novo reality show chegou ao streaming cercado de críticas e bastidores polêmicos — Foto: Divulgação/Netflix

9. Rainha Cleópatra (2023)

Um dos formatos em voga na Netflix nos últimos anos são as séries documentais com dramatização - também conhecidas como docudramas. A plataforma tem explorado minisséries com personagens históricos como Alexandre, o Grande e Moisés. Em maio do ano passado, foi lançada Rainha Cleópatra, minissérie em quatro capítulos que faz parte da coletânea Rainhas Africanas, projeto encabeçado pela atriz Jada Pinkett Smith (franquia Matrix).

A antiga monarca egípicia foi interpretada por Adele James (Casualty), uma atriz negra. Tal escolha se deve ao fato de uma possível ascendência não-branca da rainha tomada como certa por pesquisadores ouvidos na série. No entanto, a decisão causou controvérsias entre pesquisadores no Egito, uma vez que Cleópatra era filha do general Ptolemeu XII Auleta, oriundo da Grécia (uma nação branca). Por outro lado, a etnia da mãe de Cleópatra estaria mais próxima do continente africano que o europeu, segundo historiadores.

O advogado egípcio Mahmoud al-Semary entrou com um processo contra Netflix no Ministério Público do país africano, alegando que "muito do que a plataforma Netflix exibe (no trailer) não está em conformidade com os valores e princípios da sociedade islâmica, especialmente os valores egípcios". O ex-Ministro de Antiguidades do Egito, Zahi Hawass, declarou publicamente que a série estaria "falsificando fatos sobre Cleópatra". Sally Ann Ashton, uma das entrevistadas para a série, deixou claro na produção que "já que Cleópatra se identificava como egípcia, parece estranho em insistir na retratação dela como inteiramente europeia".

A série documental Rainha Cleópatra, disponível na Netflix, é a mais nova polêmica envolvendo o streaming — Foto: Divulgação/Netflix
A série documental Rainha Cleópatra, disponível na Netflix, é a mais nova polêmica envolvendo o streaming — Foto: Divulgação/Netflix

10. Chris Rock: Indignação Seletiva (2023)

Um dos incidentes mais controversos ocorridos no Oscar foi o tapa dado por Will Smith no comediante e apresentador da cerimônia, Chris Rock, na edição de 2022. Para quem não lembra, Rock fez uma piada sobre a queda de cabelo de Jada Pinkett Smith, comparando a atriz com a personagem Jordan O'Neil do filme Até o Limite da Honra (1997). O trocadilho irritou o marido de Jada, que não só agrediu fisicamente Rock como também exigiu, aos gritos, que ele não citasse o nome da esposa.

Um ano após o tapa, Chris Rock conduziu um show com transmissão ao vivo pela Netflix onde dá sua versão dos fatos sobre o escândalo. O nome "Indignação Seletiva" veio da interpretação de Rock sobre o que ocorreu naquela noite. Para ele, Will estava indignado com a revelação pública de que Jada estava "transando com o amigo do filho" (se referindo ao rapper August Alsina, colega de Jaden Smith e ex-amante de Jada), mas preferiu bater em Rock.

O comediante alegou também que passou a assistir Emancipation - Uma História de Liberdade, filme do Apple TV+ onde Smith interpreta um escravizado que vira soldado na Guerra Civil Americana, "só para ver ele ser chicoteado".

O comediante Chris Rock aborda em show de standu up o tapa que levou de Will Smith em premiação do Oscar — Foto: Reprodução/JustWatch
O comediante Chris Rock aborda em show de standu up o tapa que levou de Will Smith em premiação do Oscar — Foto: Reprodução/JustWatch

11. Blonde (2022)

Influente até hoje na cultura pop mundial, a atriz Marilyn Monroe teve uma vida cercada de sucessos no cinema, mas também de problemas individuais. A dualidade entre fama e controvérsia foi abordada no longa Blonde, dirigido e roteirizado por Andrew Dominik (O Homem da Máfia). O drama biográfico conta com o protagonismo da cubana Ana de Armas (Blade Runner 2049) em um enredo onde as partes mais obscuras da diva do cinema são mostradas sem filtros.

A abordagem de Dominik, por outro lado, desagradou uma parcela dos críticos que consideraram o longa como "exploratório". Como exemplo, a cena onde Marilyn conversa com um feto abortado por ela anos antes foi retratado como "propaganda anti-aborto disfarçada de arte", de acordo com o jornalista Charles Pulliam-Moore, do site The Verge. Outro incômodo relatado pela imprensa, conforme mostrado nas resenhas "podres" do Rotten Tomatoes, é o interesse de Andrew Dominik em dramatizar abusos sofridos por Monroe de forma excessiva.

A diva de Hollywood foi interpretada nos cinemas pela cubana Ana de Armas — Foto: Divulgação/Netflix
A diva de Hollywood foi interpretada nos cinemas pela cubana Ana de Armas — Foto: Divulgação/Netflix

12. Dave Chappelle: Encerramento (2021)

Dave Chappelle foi outro comediante que deu o que falar na Netflix. O ator e veterano do stand up se tornou figura controversa no meio devido as piadas consideradas "transfóbicas" pela comunidade LGBTQIA+. Em plena repercussão de seus discursos problemáticos, Chappelle lançou em outubro de 2021 o show Encerramento, seu último especial de comédia para a Netflix, onde ele fez relações polêmicas entre a discriminação sofrida entre pessoas negras nos EUA e pessoas trans.

Na apresentação, Chappelle classificou seu "cancelamento" como perseguição por parte do público trans. "Agora escutem só, mulheres, gays e lésbicas ficaram com raiva de mim, mas preciso dizer a verdade: esses transgêneros querem me matar", disse Chappelle no show. Jaclyn Moore, ex-showrunner da série Cara Gente Branca e pessoa trans, postou em suas redes sociais que sua relação com a Netflix estaria "acabada" enquanto a plataforma "publicasse e lucrasse com conteúdo transfóbico flagrante e perigoso".

A discussão chegou até mesmo dentro da própria Netflix, onde funcionários trans e cis da plataforma de streaming planejaram uma greve caso o especial continuasse no ar. A bomba chegou até as mãos de Ted Sarandos, co-CEO da Netflix, que deu uma entrevista à Variety, em outubro de 2021, alegando que o show "não oferecia diretamente danos ao mundo real". Mas dias depois, na mesma revista, Ted se desculpou por ter "estragado tudo" em sua comunicação interna com os funcionários que se sentiram ofendidos com Encerramento. "Primeiro e mais importante, eu deveria ter liderado com muito mais humanidade", lamentou o co-CEO.

O comediante americano Dave Chapelle irritou a comunidade trans em todo o mundo devido às piadas vistas como discriminatórias em seus shows — Foto: Divulgação/Netflix
O comediante americano Dave Chapelle irritou a comunidade trans em todo o mundo devido às piadas vistas como discriminatórias em seus shows — Foto: Divulgação/Netflix

13. 365 Dias (2020)

Com 50 Tons de Cinza abrindo as portas do romance erótico nos cinemas, o longa polonês 365 Dias foi mais uma das produções a investir no gênero com a promessa de ser o mais provocador já feito. Baseado na saga literária da escritora Blanka Lipińska, o enredo foca na relação carnal conflituosa entre o mafioso italiano Massimo Torricelli (Michele Morrone) e a jovem Laura Biel (Anna-Maria Sieklucka). O criminoso mantém a polonesa em cárcere privado com o intuito de fazê-la se apaixonar por ele em até um ano.

O filme se manteve em alta na Netflix, mas também não saiu da boca de críticos que consideraram 365 Dias uma "apologia ao abuso sexual". No ano do lançamento, o Collectif Soeurcières, coletivo feminista francês, criou um abaixo-assinado online no Change.org exigindo que o streaming vermelho retirasse a produção de seu catálogo. A obra conseguiu a proeza de ter aprovação de 0% no Rotten Tomatoes, além de vencer categorias no Framboesa de Ouro, conhecido por premiar as piores produções cinematográficas. De acordo com Barbara Shulgasser, crítica do Common Sense Media, o filme contém uma "fantasia de dominação sexual gráfica e violenta".

365 Dias é um filme erótico que ficou marcado pelas acusações de apologia ao abuso sexual contra mulheres — Foto: Divulgação/IMDb
365 Dias é um filme erótico que ficou marcado pelas acusações de apologia ao abuso sexual contra mulheres — Foto: Divulgação/IMDb

14. A Primeira Tentação de Cristo (2019)

Quando se trata de polêmicas na Netflix, o Brasil não fica de fora. No Natal de 2019, o canal de comédia Porta dos Fundos serviu aos assinantes uma ceia repleta de controvérsias bíblicas com o especial A Primeira Tentação de Cristo. Na trama, um Jesus Cristo homossexual volta para casa junto com o namorado após passar 40 dias no deserto, só para descobrir uma festa surpresa de aniversário onde é revelado que Deus é seu verdadeiro pai.

Devido à leitura bastante heterodoxa dos evangelhos, o Porta dos Fundos encarou o repúdio de parte do público cristão, que organizou um abaixo-assinado no Change.org que obteve mais de 2 milhões de assinaturas. O especial chegou a ser suspenso no Rio de Janeiro em janeiro de 2020; no entanto, em maio do mesmo ano, o Ministério Público Federal (MPF) arquivou quatro representações judiciais contra a série, permitindo sua exibição na plataforma.

Mas o ataque mais emblemático aconteceu na noite de 24 de dezembro de 2019, quando Eduardo Fauzi Richard Cerquise, ex-presidente da Frente Integralista Brasileira do Rio de Janeiro, cometeu um atentado na sede do Porta dos Fundos utilizando dois coquetéis molotov. Em setembro do ano seguinte, o integralista foi preso pela Interpol na Rússia, onde vivia foragido. No dia 31 de agosto, o especial saiu do catálogo da Netflix.

Especial de Natal do Porta dos Fundos chocou cristãos devido à representação homossexual de Jesus — Foto: Divulgação/Netflix
Especial de Natal do Porta dos Fundos chocou cristãos devido à representação homossexual de Jesus — Foto: Divulgação/Netflix

15. Lindinhas (2017)

Nenhum filme da Netflix causou tanta polêmica mundial quanto Lindinhas, longa de estreia da diretora franco-senegalesa Maïmouna Doucouré (Hawa). A trama acompanha a jornada de descobertas de Amy (Fathia Youssouf), uma imigrante senegalesa de 11 anos que integra um grupo de dança na escola com garotas da mesma idade. A obra chegou a ser exibida no Festival de Sundance com aclamação dos críticos e público presente.

Mas o que era para ser um filme sobre choque cultural, amizade e descoberta da própria identidade na adolescência foi classificado por políticos conservadores dos Estados Unidos como "sexualização infantil", devido às cenas onde as protagonistas dançam e se vestem de forma "insinuante". Não somente o longa, como também a própria Netflix, foram alvos de boicotes nas redes sociais. Em entrevista à Deadline, a cineasta Maïmouna Doucouré afirmou ter recebido ameaças de morte.

A polêmica se seguiu também no Brasil, quando em setembro de 2020 o hoje reformado Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, comandado na época pela ministra Damares Alves, pediu a suspensão do longa. O órgão citou como justificativa um possível conteúdo impróprio constituído por "pornografia infantil e múltiplas cenas com foco nas partes íntimas das meninas enquanto reproduzem movimentos eróticos durante a dança, se contorcem e simulam práticas sexuais". Atualmente o longa está na Netflix, mas com o nome original de Mignonnes, com censura de 16 anos.

Lindinhas é a produção exclusiva da Netflix que mais repercutiu negativamente em todo o mundo — Foto: Divulgação/Netflix
Lindinhas é a produção exclusiva da Netflix que mais repercutiu negativamente em todo o mundo — Foto: Divulgação/Netflix

Com informações de Bloomberg, Cosmopolitan, Change.org, Deadline, Entertainment Weekly, Explore France, Extra (1, 2), G1, Guardian, Hollywood Reporter (1, 2), Into, Los Angeles Times (1, 2), Logo, New York Times, Psychology Today, Scraps From The Loft, The Sun, Them, TINA.org, Variety (1, 2), The Verve

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